METABOLISMO DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO,
SÍNTESE E FUNÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS DERIVADAS
A cascata
do ácido araquidônico ( 20:4 [Δ⁵ ⁸ ¹¹ ¹⁴]) é uma via metabólica do nosso
organismo a qual usa o ácido araquidônico para realizar a síntese de
eicosanoides, que são mediadores lipídicos caracterizados hormônios parácrinos
e autócrinos de importante papel na hemostasia, termorregulação, hemorreologia,
transmissão neural e na via pró-inflamatória
Os
fosfolipídeos – componentes estruturais da membrana celular – são compostos na
presença de uma “cabeça” polar que contém fosfato e “caudas” apolares de ácidos
graxos, envolvidos na via de formação mais comum de ácido araquidônico. O ácido
linoleico (linoleato) é um ácido graxo essencial encontrado em fosfolipídeos do
qual deriva o ácido araquidônico (AA), pela ação da enzima fosfolipase A2 –
cuja ativação da ação catalítica depende, por exemplo, de sua fosforilação.
Como o AA é usado para a formação de outros eicosanóides, o estímulo gerado
pela falta destes ativa isoformas da fosfolipases A2, estimulando assim o
aumento da disponibilidade do produto da reação enzimática. Seguindo em sua
cascata, sofre oxidação, que se divide nas vias da ciclooxigenase (COX) e da
lipooxigenase (LOX).
A ciclooxigenase ou prostaglandina H2 sintase é uma
glicoproteína que, em mamíferos é encontrada nas isoformas: COX-1(ciclooxigenase-1),
que é constitutiva e relacionada às atividades fisiológicas, estando presente
em quase todos os tecidos; COX-2 (ciclooxigenase-2), que é induzida por certos
estímulos, de grande importância em processos inflamatórios e, portanto, está presente nos locais de inflamação;
e a COX-3 (ciclooxigenase-3), que é ligada à síntese da lipoxina, a qual possui
efeito anti-inflamatório e é encontrada no Sistema Nervoso Central. Na via da
ciclooxigenase (COX), a enzima catalisa a oxidação do ácido araquidônico para
que ocorra a formação de prostanóides, ou seja, das prostaglandinas(PG), das
prostaciclinas e dos tromboxanos.
As
prostaglandinas são divididas entre as que são solúveis em éter – PGE- e as que
são solúveis em tampão fosfato – PGF -, cada grupo contendo numerosos subtipos.
Em geral, aumentam a permeabilidade capilar e a vasodilatação, estimulam a
contração da musculatura lisa do útero durante a menstruação e o trabalho de
parto, atuam na digestão e em processos de dor e febre. A prostaglandina G2 e a prostaglandina H2,
que são as primeiras produzidas na via, são posteriormente transformadas por
isomerases em prostaciclina, tromboxane A2 e em prostaglandinas D2, E2 e F2a.
As prostaciclinas atuam na vasodilatação e inibição da agregação plaquetária.
Os tromboxanos atuam na vasoconstrição em circulação sistêmica e vasodilatação
em circulação pulmonar, sendo agentes hipertensivos e facilitadores da
agregação plaquetária.
Na via da
lipooxigenase, o ácido araquidônico sofre ação da lipoxigenase-5, ativada por
outra enzima chamada FLAP, sendo oxidado e formando os ácidos
monohidroperoxidoeicosateraenoicos (HPETEs), os ácidos
hidroxieicosatetraenoicos (HETEs) e, destacadamente, os leucotrienos (LTs),
cuja principal função está destinada a atividade pró-inflamatória, como a
vasoconstrição e o aumento da permeabilidade vascular, bem como a
broncoconstrição.
Os anti-inflamatórios
não esteroides (AINEs) – tais quais o ácido acetilsalicílico, ibuprofeno e
meclofenamato – inibem a ciclooxigenase ou prostaglandina H2 sintase, que
catalisa um dos passos iniciais na rota do araquidonato na via COX. Ao ser
inibida, o AA é direcionado à via LOX, que leva à produção de leucotrienos.
MAPA METABÓLICO
SLIDES
REFERÊNCIAS
ALENCAR, Marilac Maria Arnaldo; ROCHA, Marcos Fábio Gadelha; PINHEIRO, Diana Célia Sousa Nunes. INFLAMAÇÃO E SUA MODULAÇÃO POR ANTINFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES: RISCOS E BENEFÍCIOS. Ciência Animal, Fortaleza, v. 1, n. 15, p.33-41 2005.
CANEPPELE, C.. Prostaglandinas: metabolismo e importância em animais. Porto Alegre, 2014.
SETE, Manuela R. C.; FIGUEREDO, Carlos M. S.. PERIODONTITE E ÔMEGA 3: O PAPEL DOS ÁCIDOS GRAXOS NO PROCESSO INFLAMATÓRIO. Bjhbs, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, mar. 2013.
HILÁRIOI, Maria Odete Esteves; TERRERIII, Maria Teresa; LENI, Cláudio Arnaldo. Antiinflamatórios não-hormonais: inibidores da ciclooxigenase 2. Jornal da Pediatria. Porto Alegre, nov. 2006.
ROSA, Bruno Lima da. USO DE AINES ASSOCIADOS À ANTILEUCOTRIENOS EM PACIENTES ASMÁTICOS:. Rio de Janeiro: Biblioteca de Medicamentos e Fitomedicamentos/ Farmanguinhos / Fiocruz - Rj, 2016.
CURIOSIDADE:
Você sabia que a cascata de reações do ácido araquidônico tem relação com a sensação de dor, ou melhor ainda, que a alteração nessa cascata é na verdade a estratégia de funcionamento dos analgésicos? É isso mesmo o que você leu! Entenda todo o conteúdo desse post e sua aplicação no nosso dia a dia com esse vídeo de TED Talk de George Zaidan. Para isso, acesse o link abaixo (não esqueça de ativar as legendas!):
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Autoras Gabriela Herman e Mylena O. Viana
Postado dia 26 de novembro de 2019 às 17:13
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