A QUÍMICA DA VIDA

O texto a seguir foi retirado do início da parte 1 do livro de Bioquímica, do Voet. Trata de uma alusão perfeita ao significado da Bioquímic...

terça-feira, 26 de novembro de 2019

METABOLISMO DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO, SÍNTESE E FUNÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS DERIVADAS

METABOLISMO DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO, SÍNTESE E FUNÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS DERIVADAS

A cascata do ácido araquidônico ( 20:4 [Δ⁵ ⁸ ¹¹ ¹⁴]) é uma via metabólica do nosso organismo a qual usa o ácido araquidônico para realizar a síntese de eicosanoides, que são mediadores lipídicos caracterizados hormônios parácrinos e autócrinos de importante papel na hemostasia, termorregulação, hemorreologia, transmissão neural e na via pró-inflamatória
Os fosfolipídeos – componentes estruturais da membrana celular – são compostos na presença de uma “cabeça” polar que contém fosfato e “caudas” apolares de ácidos graxos, envolvidos na via de formação mais comum de ácido araquidônico. O ácido linoleico (linoleato) é um ácido graxo essencial encontrado em fosfolipídeos do qual deriva o ácido araquidônico (AA), pela ação da enzima fosfolipase A2 – cuja ativação da ação catalítica depende, por exemplo, de sua fosforilação. Como o AA é usado para a formação de outros eicosanóides, o estímulo gerado pela falta destes ativa isoformas da fosfolipases A2, estimulando assim o aumento da disponibilidade do produto da reação enzimática. Seguindo em sua cascata, sofre oxidação, que se divide nas vias da ciclooxigenase (COX) e da lipooxigenase (LOX).
            A ciclooxigenase ou prostaglandina H2 sintase é uma glicoproteína que, em mamíferos é encontrada nas isoformas: COX-1(ciclooxigenase-1), que é constitutiva e relacionada às atividades fisiológicas, estando presente em quase todos os tecidos; COX-2 (ciclooxigenase-2), que é induzida por certos estímulos, de grande importância em processos inflamatórios e, portanto, está presente nos locais de inflamação; e a COX-3 (ciclooxigenase-3), que é ligada à síntese da lipoxina, a qual possui efeito anti-inflamatório e é encontrada no Sistema Nervoso Central. Na via da ciclooxigenase (COX), a enzima catalisa a oxidação do ácido araquidônico para que ocorra a formação de prostanóides, ou seja, das prostaglandinas(PG), das prostaciclinas e dos tromboxanos.
As prostaglandinas são divididas entre as que são solúveis em éter – PGE- e as que são solúveis em tampão fosfato – PGF -, cada grupo contendo numerosos subtipos. Em geral, aumentam a permeabilidade capilar e a vasodilatação, estimulam a contração da musculatura lisa do útero durante a menstruação e o trabalho de parto, atuam na digestão e em processos de dor e febre. A prostaglandina G2 e a prostaglandina H2, que são as primeiras produzidas na via, são posteriormente transformadas por isomerases em prostaciclina, tromboxane A2 e em prostaglandinas D2, E2 e F2a. As prostaciclinas atuam na vasodilatação e inibição da agregação plaquetária. Os tromboxanos atuam na vasoconstrição em circulação sistêmica e vasodilatação em circulação pulmonar, sendo agentes hipertensivos e facilitadores da agregação plaquetária.
Na via da lipooxigenase, o ácido araquidônico sofre ação da lipoxigenase-5, ativada por outra enzima chamada FLAP, sendo oxidado e formando os ácidos monohidroperoxidoeicosateraenoicos (HPETEs), os ácidos hidroxieicosatetraenoicos (HETEs) e, destacadamente, os leucotrienos (LTs), cuja principal função está destinada a atividade pró-inflamatória, como a vasoconstrição e o aumento da permeabilidade vascular, bem como a broncoconstrição.
Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) – tais quais o ácido acetilsalicílico, ibuprofeno e meclofenamato – inibem a ciclooxigenase ou prostaglandina H2 sintase, que catalisa um dos passos iniciais na rota do araquidonato na via COX. Ao ser inibida, o AA é direcionado à via LOX, que leva à produção de leucotrienos.


MAPA METABÓLICO



SLIDES

















REFERÊNCIAS
ALENCAR, Marilac Maria Arnaldo; ROCHA, Marcos Fábio Gadelha; PINHEIRO, Diana Célia Sousa Nunes. INFLAMAÇÃO E SUA MODULAÇÃO POR ANTINFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES: RISCOS E BENEFÍCIOS. Ciência Animal, Fortaleza, v. 1, n. 15, p.33-41 2005.  

CANEPPELE, C.. Prostaglandinas: metabolismo e importância em animais. Porto Alegre, 2014. 

SETE, Manuela R. C.; FIGUEREDO, Carlos M. S.. PERIODONTITE E ÔMEGA 3: O PAPEL DOS ÁCIDOS GRAXOS NO PROCESSO INFLAMATÓRIO. Bjhbs, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, mar. 2013.

HILÁRIOI, Maria Odete Esteves; TERRERIII, Maria Teresa; LENI, Cláudio Arnaldo. Antiinflamatórios não-hormonais: inibidores da ciclooxigenase 2. Jornal da Pediatria. Porto Alegre, nov. 2006.  

ROSA, Bruno Lima da. USO DE AINES ASSOCIADOS À ANTILEUCOTRIENOS EM PACIENTES ASMÁTICOS:. Rio de Janeiro: Biblioteca de Medicamentos e Fitomedicamentos/ Farmanguinhos / Fiocruz - Rj, 2016.

CURIOSIDADE:

Você sabia que a cascata de reações do ácido araquidônico tem relação com a sensação de dor, ou melhor ainda, que a alteração nessa cascata é na verdade a estratégia de funcionamento dos analgésicos? É isso mesmo o que você leu! Entenda todo o conteúdo desse post e sua aplicação no nosso dia a dia com esse vídeo de TED Talk de George Zaidan. Para isso, acesse o link abaixo (não esqueça de ativar as legendas!):


Gostou do assunto? Então continue lendo sobre no artigo Aspectos fisiopatológicos da nefropatia por anti-inflamatórios não esteroidais, disponibilizado no link abaixo, e saiba como o uso a longo prazo de analgésicos podem afetar a saúde dos seus rins!


Autoras Gabriela Herman e Mylena O. Viana 
Postado dia 26 de novembro de 2019 às 17:13


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